Com um adversário diferente e a jogar em sintético, Portugal teve uma exibição menos conseguida em Malta em comparação com o triunfo ante a Bósnia mas cumpriu objetivos de ser superior e ganhar (0-2).
Foram três, podiam ter sido seis ou mais. Na estreia na fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2025, num grupo onde se discute também a possibilidade de regresso à Liga A da Liga das Nações, Portugal não deu hipóteses diante de uma Bósnia que ainda aguentou 20/25 minutos até ser “engolida” pela maior capacidade da Seleção, que tornou o encontro num caminho de sentido único para a baliza contrária. O que fez a diferença? A forma como as jogadoras, individual e coletivamente, encararam a partida, passando ao lado daquilo que foi a desilusão da descida à Liga B num grupo que terminou com a sensação de que a Áustria e a Noruega não são adversários tão inacessíveis e que os jogos poderiam ter outro desfecho. Era também esse o mote para novo encontro de apuramento, neste caso diante de uma formação de Malta que surpreendera na jornada inaugural ao empatar sem golos fora contra a Irlanda do Norte em Belfast.
“Mais do que uma equipa defensiva, estamos à espera de uma equipa muito organizada. Malta não nos surpreendeu na abordagem ao jogo. Está onde está por mérito próprio e está no seu melhor momento de sempre como seleção. Quando não têm bola, retiram o espaço ao adversário e fazem uma pressão constante ao portador da bola. Gostam de ter a sua posse. Se Portugal não estiver atento, poderá ter alguns problemas. Temos de ser competentes e muito equilibrados como fomos com a Bósnia, ocupar bem os espaços, com uma forte reação à perda e circular mais rapidamente a bola porque o espaço que vamos ter vai ser reduzido e devemos aproveitar quando aparecer”, tinha comentado Francisco Neto no lançamento da partida.
“Somos a equipa melhor classificada no ranking e queremos assumir o jogo, mas temos de ter o respeito máximo pelos adversários, porque também já fomos underdogs e isso não nos tirou a ambição. Jogar num relvado sintético não é comum no contexto internacional mas não pode ser desculpa na melhor ou na pior produtividade da Seleção. É lógico que haja alguma adaptação mas a minha preocupação passa pelo estado do relvado e pela possibilidade de não estar devidamente preparado. De resto, é o que temos e vamos tirar o melhor partido do que nos pode oferecer”, salientara ainda sobre outro dos pontos que poderia interferir na qualidade do encontro, naquela que seria a estreia de Malta a jogar em casa depois do nulo a abrir a prova.
Numa espécie de prolongamento das palavras de Francisco Neto, que admitia alterações “pela estratégia para o jogo e não em função da gestão de alguém em particular”, Portugal fez cinco alterações no onze (saídas de Patrícia Morais, Diana Gomes, Joana Marchão, Tatiana Pinto e Ana Capeta para as entradas de Inês Pereira, Catarina Amado, Ana Seiça, Dolores Silva e Diana Silva) e passou de um 4x4x2 em losango para um mais assumido 3x4x1x2, com Kika Nazareth a jogar entre linhas no apoio a Jéssica e Diana Silva e com Catarina Amado e Lúcia Alves nas alas. A exibição teve menos cor do que frente à Bósnia mas garantiu aquilo que era o mais importante: ser superior, marcar golos e ganhar. Foi isso que aconteceu para reforçar a liderança do grupo B3 da Liga B, num dia em que a Irlanda do Norte foi ganhar fora à Bósnia por 3-1, com Jéssica Silva, que atravessa um momento mais irregular a nível de clubes no Benfica, a voltar a ser um dos principais destaques da Seleção sobretudo a partir do momento em que começou a cair mais na ala direita.
Portugal tentou desde cedo mostrar em campo o porquê da opção por uma linha de três atrás, colocando as alas mais abertas e procurando de quando em vez a profundidade quando a equipa de Malta subia um pouco mais as linhas. Nos 15 minutos iniciais as visitadas até conseguiram mostrar uma face melhor, não só pela forma como se organizava em termos defensivos mas também pelas saídas rápidas que ia tentando tendo Bugeja e Maria Farrugia como principais referências. Conseguiu até um remate, ganhou um canto, fechou a loja por largos minutos em que a Seleção deu sentido único ao jogo ainda que sem chegar ao golo.
Depois de uma ameaça inicial com Kika Nazareth a aparecer numa desmarcação de rutura a ganhar a frente na receção a Stefania Farrugia, Lúcia Alves teve um remate ao lado após uma recuperação de bola na área, Kika Nazareth voltou a criar perigo num livre direto que saiu perto do poste, Diana Silva desviou de cabeça também fora do alvo e Dolores Silva fez a primeira tentativa enquadrada também de livre direto para defesa de Xuereb mas o intervalo chegaria mesmo sem golos. Portugal mostrava que era melhor no plano individual, que era muito mais trabalhado a nível de jogo coletivo mas continuava sem furar a resistência de Malta mesmo com variadas ocasiões em que falhava o último passe, o último movimento ou a finalização.
No recomeço da segunda parte, aquilo que Portugal não conseguiu em 45 minutos demorou menos de cinco: Said teve uma abordagem errada a um cruzamento de Lúcia Alves, cortou a bola com o braço na área e Carole Costa, quem mais, inaugurou o marcador de grande penalidade. A partida entrou depois num período mais “morno”, sobretudo depois da lesão da guarda-redes Xuereb a tentar evitar em cima da linha o 2-0 de Catarina Amado, mas as mexidas de Francisco Neto com as entradas de Tatiana Pinto e Ana Capeta tiveram resultados quase imediatos, com a avançada do Sporting a surgir na área a encostar após assistência de Jéssica Silva para o 2-0 numa fase em que Inês Pereira não tinha sequer tocado na bola. Foi essa passagem da jogadora do Benfica para a ala que agitou a partida na parte final até ser substituída nos descontos, com Lúcia Alves ainda a ameaçar o golo num remate de meia distância a rasar o poste.
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